Certo dia escrevi uma carta, para mandar para um amigo meu. Inspirada por uma frase ouvida pelo telefone, quando conversávamos sobre problemas de saúde, a frase era a seguinte: “carro velho quando concerta uma coisa estraga outra”.
Resolvi responder a sua frase da seguinte forma:
Meu carro velho não
Tem freio, é por isso que não para;
Não dá tempo ao pensamento para que
Não lhe diga de suas falhas.
Meu carro velho não
Reclama a falta de gasolina, pois
É movido pela ilusão
De ser um dia carro novo
Movido pela inspiração.
Meu carro velho não
Anda pois o pneu esta furado
Em compensação ele voa
Sobe serra, desce ladeira,
Enfrenta campo e serrado.
Meu carro velho ultrapassado
Anda mesmo muito lento,
Mas sempre tem alguém querendo
Passar a mão no seu assento.
Meu carro velho me abriga
Nunca me deixou no temo
Mesmo sendo ultrapassado me
dá asa ao pensamento.
Meu carro velho não
Tem diferencial,
Os seus freios não têm lona,
Mas tem sempre um lugarzinho
Para oferecer-lhe uma carona.
Meu carro velho, dizem que:
Ele é mesmo invocado
Pois eu o acho inteligente.
Só perdeu o seu caminho
Depois que com o seu bateu de frente.
Meu carro velho
Comparo-o com meu coração
Sem dono
Pede calma ao pensamento
Querendo cobrar-lhe o dano.
(Iracema Pereira 26/03/2003)
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