sábado, 2 de julho de 2011

Se eu morresse amanhã...

Se eu morresse amanhã...
Tere Penhabe

Se eu morresse amanhã...
talvez não entendesse a escolha do momento
talvez um maremoto se formasse em meu pensamento
mas eu iria bem, para o lado de lá...

Mas não iria só...
levaria dentro deste coração quebrado, remendado
o carinho que alguém me deu um dia, num dia feliz
não o abandonaria jamais...

Se eu morresse amanhã...
não deixaria lágrimas para trás, ninguém pra chorar
nenhum outro coração ia lamentar a perda, sentir
mas não faz mal...

Uma das melhores lições...
que eu aprendi pelos tropeços dessa vida, meu quadro
um quadro mal feito, mal pintado, mas muito amado
foi não sofrer demais... nem de menos.

Se eu morresse amanhã...
levaria comigo uma sensação boa de muita paz, saudade
não posso negar em momento algum, da vida ou da morte
morreria feliz!

E se alguém dissesse...
lá vai ela, uma aprendiz que amarfanhou versos aqui na terra
não estariam mentindo, mesmo assim seria bem vindo
um silêncio sutil...

Santos, 14.09.2006_21:30 hs

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cai Chuva do Céu Cinzento - Fernando Pessoa


Cai Chuva do Céu Cinzento




Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.


(Fernando Pessoa)

sábado, 7 de maio de 2011

O TEMPO PASSA

E nada muda, além da tristeza que há dentro de mim, que cada dia aumenta mais e mais.
Essa solidão que dói, que me apunha-lá o coração, que cada vez que lembro de ti me da um aperto no peito,
Como se o meu coração não coubesse mais dentro de mim e fosse parar de bater.
Essa dor aumenta a cada dia mais.
Ao lembrar me que não mais te tenho aqui comigo.
Que você se foi e não vai voltar.
Mas sim, vai continuar vivendo dentro do meu coração!
Te amo e nunca vou te esquecer...
IN MEMORIAN DE IRACEMA PEREIRA

Lopes-Santos, R. – 18/11/2003



MEUS OITO ANOS
 Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos 
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!


Casimiro de Abreu








sábado, 30 de abril de 2011

Poesia Matemática
Millôr Fernandes

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011


Noite fria.....luz da lua....
O som da saudade embala as lembranças de você em meu peito.
Seu cheiro permanece em meus lençóis.
Seu calor está em meu corpo.
Sua voz ecoa em meus pensamentos.
O vazio de sua falta aumenta à cada segundo.
Mas a certeza de sua volta me dá forças,
E o amor que sinto por ti permanece vivo e ardente... como uma chama sem fim!

21/04/2011 - Trajanoski, B

  • QUE DEUS NÃO PERMITA...
  • Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO, mesmo eu sabendo que as rosas não falam.
  • Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre
  • Que eu não perca a VONTADE DE VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
  • Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas...
  • Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda.
  • Que eu não perca o EQUILíBRIO, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia
  • Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo, pode não sentir o mesmo sentimento por mim...
  • Que eu não perca a LUZ e o BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo, escurecerão meus olhos...
  • Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda
  • são dois adversários extremamente perigosos.
  • Que eu não perca a RAZãO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas.
  • Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIçA, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu.
  • Que eu não perca o meu FORTE ABRAçO, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos...
  • Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...
  • Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMíLIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia.
  • Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado.
  • Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo sabendo que o mundo é pequeno...
  • E acima de tudo...
  • Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente,qu e um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois....
A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS
E CONCRETIZADA NO AMOR!
Amorosamente,
Francisco Cândido Xavier

domingo, 17 de abril de 2011

Para rir....

Cenas do cotidiano de todo casal.
E a mulher sempre tem razão.... :)


(para ampliar, clique na imagem)

sábado, 16 de abril de 2011

Este Inferno de Amar


Este inferno de amar - como eu amo!
Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra; o passado,

A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez...-foi um sonho-
Em que paz tão serena dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso
eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
em seus olhos ardentes os pus,
que fez ela? Eu que fiz? - Não no sei,
mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett (1799-1854)



Certo dia escrevi uma carta, para mandar para um amigo meu. Inspirada por uma frase ouvida pelo telefone, quando conversávamos sobre problemas de saúde, a frase era a seguinte: “carro velho quando concerta uma coisa estraga outra”.
Resolvi responder a sua frase da seguinte forma:

Meu carro velho não
 Tem freio, é por isso que não para;
Não dá tempo ao pensamento para que
Não lhe diga de suas falhas.
Meu carro velho não
Reclama a falta de gasolina, pois
É movido pela ilusão
De ser um dia carro novo
Movido pela inspiração.
Meu carro velho não
Anda pois o pneu esta furado
Em compensação ele voa
Sobe serra, desce ladeira,
Enfrenta campo e serrado.
Meu carro velho ultrapassado
Anda mesmo muito lento,
Mas sempre tem alguém querendo
Passar a mão no seu assento.
Meu carro velho me abriga
Nunca me deixou no temo
Mesmo sendo ultrapassado me
 dá asa ao pensamento.
Meu carro velho não
Tem diferencial,
Os seus freios não têm lona,
Mas tem sempre um lugarzinho
Para oferecer-lhe uma carona.
Meu carro velho, dizem que:
Ele é mesmo invocado
Pois eu o acho inteligente.
Só perdeu o seu caminho
Depois que com o seu bateu de frente.
Meu carro velho
Comparo-o com meu coração
Sem dono
Pede calma ao pensamento
Querendo cobrar-lhe o dano.
(Iracema Pereira 26/03/2003)
Não sei mais quem sou, não sei mais o que faço, não sei mas o que sinto.
Dúvidas giram ao redor de minha cabeça. Num momento eu te amo, no outro te odeio. Quando estou só, lembro-me dos momentos de felicidade que passei com você. O seu sorriso, o seu olhar, a sua voz a me chamar. Mas quando estou em sua presença, tenho medo que vc demonstre me odiar.
Meus sentimento ficam igual um barco à vela: mudando de acordo com a direção do vento. Meus olhos brilham quando ouço teu nome, meu coração dispara quando te vejo, e quando você fala comigo, tenho vontade de me atirar em seus braços.
Penso em você, olho você, toco em você, mais não tenho coragem de dizer o que sinto. Estando só sei o que esta acontecendo comigo, o que sinto é amor, é vontade de dizer TE AMO...


Trajanoski, B.


Amar é Pensar
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso" 



Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações,
Não sei o que hei-de ser comigo.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.
Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém.



por Alberto Caeiro

sexta-feira, 15 de abril de 2011

FAZ PARTE DE MIM



Como nuvens la no céu
meus pensamentos voam...
A minha concentração em coisas reais, sumiu faz algum tempo...
Só resta a incerteza, de uma lembrança, 
que aos poucos se apaga, ao léu do tempo....

Assim como o tempo é incerto,
Os meus dias também o são.
Já não sei mais o que é real e o que faz parte da minha imaginação
Se foi sonho, foi o mais lindo...
O que importa é o que já passou,
e mesmo assim ficaram as marcas 
grudadas como pele, tatuagem, sentimento que não sai...

Me torna dependente de um sorriso, 
Um olhar que nunca foi meu e mesmo não o sendo 
Me pertence por inteiro, faz parte de mim
De todo meu ser.


Na doida partida
Deste mundo desumano
Lembro-me do tocar dos violões,
das acácias nos quintais.
De quando sonhava em encontrar
Potes de ouro no fim do arco-íres.
Mas no fim, passei por portas do infinito
e aqui estou...

(Autor: Bianca Trajanoski)

COMO NUVENS PELO CÉU


Como nuvens pelo céu 
Passam os sonhos por mim. 
Nenhum dos sonhos é meu 
Embora eu os sonhe assim. 

São coisas no alto que são 
Enquanto a vista as conhece, 
Depois são sombras que vão 
Pelo campo que arrefece. 

Símbolos? Sonhos? Quem torna 
Meu coração ao que foi? 
Que dor de mim me transtorna? 
Que coisa inútil me dói?

Fernando Pessoa
17-6-1932



...e as nuvens dançam no céu, com seus vestidos de festa...
enquanto o sol se põe, trazendo as cores mais lindas!